O relógio marcava 49 minutos do segundo tempo na Arena
Condá, em Chapecó, na última quarta-feira, dia 23 de novembro. O San Lorenzo,
campeão da Libertadores de 2014, pressionava a Chapecoense por um gol que o
levasse para a final da Copa Sul-Americana – na Argentina houve empate em 1 a
1. Bola lançada para área, sobra para Angeleri, que chuta. Danilo salva com o
pé direito. Segundos depois o árbitro encerra a partida e o time do interior de
Santa Catarina se classifica de forma incrível para a final. Final abortada de
forma trágica nesta terça-feira pela queda do avião que levava o time para
Medellín, onde disputaria o primeiro jogo da final com o Atlético Nacional da
Colômbia. Depois de várias informações desencontradas, a morte do goleiro foi
confirmada pelo diretor da clínicapara onde o jogador foi levado após ser
encontrado com vida nos destroços do avião.
O milagre da semifinal não foi o primeiro de Danilo. Nas
oitavas, diante do gigante Independiente, maior campeão da Libertadores, o
goleiro de 31 anos e 1,85m defendeu simplesmente quatro dos oito pênaltis desferidos
para sua meta pelo time argentino. Poderia não ter sido assim. Marcos Danilo
Padilha chegou à Chapecoense em setembro de 2013 vindo por empréstimo do
Londrina. Até então a carreira profissional estava restrita ao Paraná. Começou
em 2004, no Cianorte, da cidade de mesmo nome onde nasceu no dia 31 de julho de
1985. Passou por Engenheiro Beltrão, Nacional de Rolândia, Paranavaí, Operário
de Ponta Grossa e Arapongas. Na primeira temporada com a Chape disputou apenas
uma partida na campanha do vice-campeonato da Série B do Campeonato Brasileiro,
que valeu o acesso à Série A. Bastou para ser contratado em definitivo. Dono do
gol da Chapecoense desde 2006, Nivaldo era ídolo inconteste no Verdão do Oeste.
Mas uma lesão o tirou de jogo e Danilo agarrou a chance da mesma maneira que
fez com aqueles pênaltis do Independiente. Suas atuações chamaram a atenção do
Cruzeiro e do Corinthians, com quem chegou a estar apalavrado – turbulências da
diretoria paulista brecaram o negócio. Seguiu absoluto como titular e levantou
o título catarinense neste ano. Em maio, o Sport Recife procurava um substituto
para Danilo Fernandes, contratado pelo Internacional. Mirou no Danilo da Chape,
que preferiu ficar onde ele e a família estavam adaptados, na cidade e no
clube.
Danilo é o representante da Chapecoense na eleição do Craque da Galera, da CBF, com votação no GloboEsporte.com. Após o acidente, os torcedores se mobilizaram para homenagear o goleiro, e ele assumiu a liderança da votação. Mesmo após o milagre da semifinal, Danilo recusou o título de herói. Para ele, a defesa contra o San Lorenzo não tinha sido a mais difícil, mas sim a mais importante da carreira e dos 150 jogos pelo clube. – Herói não, ninguém vence uma guerra sozinho. Seria injusto se nosso time tivesse tomado gol no último minuto pela partida que fez nos dois jogos. Estão todos de parabéns. A união do grupo mostrou mais uma vez que vence – declarou após a partida. Para quem havia chegado até ali, em uma final de torneio internacional, o título era naturalmente possível. E o chavão da garra no futebol, desta vez, ganha um sabor amargo.
Ninguém acreditava que íamos chegar à final, e nós
chegamos. Tudo pode acontecer. Temos o sonho de ser campeão, jogar a
Libertadores pela Chapecoense, e vamos lutar o máximo, dar a vida por essa
final.
FONTE: JORNAL IMPRENSA DO AGRESTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário